quinta-feira, 24 de junho de 2010

Nosso vídeo stop motion


Eu nunca fiz uma animação de verdade e não tinha ideia do quão divertido e trabalhoso é o processo de criação. No sábado passado pude construir junto com o grupo uma animação de apenas 16 segundos, mas que ficou muito graciosa e engraçada. O desenho base utilizado foi feito pelo pai da nossa colega Sônia, que com seus 90 anos realiza desenhos delicados e coloridos que encantaram o grupo. Recortamos os personagens (cabeças que ganharam braços criados com elementos do próprio desenho)e dispomos as peças num fundo branco de forma bastante cuidadosa que, com o trabalho de todos, lentamente ganharam vida nos rendendo boas risadas no final. Espero que todos apreciem.

Autores:
Sônia Maria
Rafael Baioni
Fernanda Doubek
Jacqueline Oliveira
Lívia Schudeller
Joyce Recco

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Esperando Godot

Caso estejam acanhadas, eu começo.
Ontem fui ao Centro Cultural São Paulo. Estou lendo um livro do Goethe, Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, que vou usar no mestrado, e fui lê-lo lá, já que não moro muito longe.
Vendo a biblioteca de cima daquele lindo salão, as pistas cortando os andares - já foram? -, lembrei de uma das primeiras vezes em que lá estive, há muito anos, no começo da faculdade. Eu fazia parte, na época, de um grupo de teatro amador financiado pelo Centro Acadêmico da Poli (Faculdade de Engenharia da USP), e havíamos decidido encenar Esperando Godot de Becket. É claro que não tínhamos o menor preparo para realizar tarefa tão difícil. Onde já se viu, começar com Becket? Não conseguimos por fim, mas não por despreparo. Acabou a verba e, sem professora, debandamos.
Contudo, a peça até hoje é uma das minhas favoritas. Vladimir e Estragom, dois amigos, numa paisagem onde só há uma árvore, esperam por motivo que desconhecemos, assim como eles próprios desconhecem, um tal de Godot. É uma peça em que acontece muita pouca coisa que não o desespero, a falta de sentido e a solidão do mundo moderno. Mas que tem também traços de esperança na amizade e inocência dos dois.
Passei uma tarde inteira na biblioteca do Centro Cultural, nesses tempos idos, lendo a peça de cabo a rabo, num só golpe. E até hoje, comprado o livro, me lembro, quando leio, da sensação que tive naquele dia, nessa cidade gigantesca que é São Paulo, um menino morando sem os pais, como eu, convidado, de repente, parecia, a entrar naquele mundo sombrio como o nosso, eu descobria mais e mais.
O romance de Goethe, por pura sincronicidade - como tudo comigo, ultimamente! - fala justamente sobre a formação pelo teatro. Mas qualquer dia falo mais sobre ele.
Um abraço!

singularidade & universalidade em cada busca...

Eu cresci ouvindo Bach, Bethoven, Chopin... e também Ernesto Nazaré, Zequinha de Abreu..., choros, canções e tangos... Minha mãe era pianista; meu pai é cantor e compositor, mestre no tango. O engraçado, triste ironia da vida, é que sou péssima na musicalidade. O meu dom artístico se voltou para as artes do corpo. Adolescente, vivi uma experiência riquíssima, que me lançou ao mundo, com um grupo de teatro na escola. O mestre Joacir ... (me perdoe, mas esqueci seu sobrenome!) foi o primeiro que tive. Com esse grupo participei de um dos festivais de Ouro Preto, com a criação coletiva " Libertas quae será tamen ", no início dos anos 70, ainda em plena ditadura militar.
Anos passaram, a militância me desviou das artes, crendo que estudar economia me ajudaria a "mudar o mundo". Até que encontrei um companheiro, Sílvio Varjão, dramaturgo, ator e diretor, que me pôs de volta no lugar de onde não devia ter saído. Daí seguiram alguns outros mestres, dos quais, Ciane Fernandes, ocupa um lugar especial. Ela me deu a oportunidade de vivenciar, com a sua generoza presença, a linguagem da Dança-Teatro, me apresentou Rudolf Laban e Pina Bausch e, sobretudo, me revelou o continunm da relação Ser-Atuar, o doce alcance de nossa `banda de Moebius´.
Mas o mestre que me ensinou o verdadeiro sentido e valor da arte, infelizmente já não em vida, mas através da leitura do seu único livro -"Esculpir oTempo"- foi Andrei Tarkovsky, cineasta russo, que escreveu as seguintes palavras:
" O artista é sempre um servidor, e está eternamente tentando pagar pelo dom que, como que por milagre, lhe foi concedido" ( pg. 41, Ed. Martins Fontes, 2002)
Para Andrei Tarkovsky a criação artística deve estar ligada ao objetivo mais geral do conhecimento e contribuir para aproximar o ser humano de uma compreensão plena do significado de sua existência. A arte não deve apenas refletir, mas transcender a realidade, influenciando-a a partir de sua "intangibilidade silenciosa" de onde nasce o seu poder transformador.
Em sua compreensão espiritual da vida, Andrei Tarkovsky considera que o auto-conhecimento humano é o caminho para a evolução da humanidade. Arte e ciência são meios de assimilação do mundo, um instrumento para conhecê-lo, em direção à "verdade absoluta". Mas a verdade absoluta não significa, para Tarkovsky, uma verdade desvinculada do tempo e lugar:
"Toda época é marcada pela procura da verdade. E por mais horrível que ela seja, só pode contribuir para a saúde moral de um país.(...) o artista não pode expressar o ideal ético de seu tempo, a menos que toque todas as feridas abertas, a menos que sofra essas feridas na própria carne" (pg. 202)
Então, estamos todos nessa busca, cada um a seu tempo, seu jeito, sua história. Quer contar a sua?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Apresentação

Não é gostoso quando nos reunimos durante os intervalos das nossas aulas? Lembre-se da mesa do café que nos espera cuidadosamente preparada: a garrafá do café, propriamente, os sucos, os pães-de-queijo, os mini-sonhos, os pedaços de bolo, os pães salgados. Que delícia!
Mais gostoso ainda é poder desfrutar da conversa com os colegas. Como você chama mesmo? Faz o quê? O que achou da aula? Eu? Eu, por minha vez...
Com o tempo, aquelas perguntas dão lugar a outras: Do que gosta? De onde veio? O que pretende?
Neste blog vamos responder um pouco a essas perguntas, cada um de nós e quem quiser. Queremos que ele seja uma continuação do momento do café, mantendo sua intimidade cortês.
Se perdemos o calor da presença, o tom da voz, a expressão correspondente; por outro lado, ganhamos outras, as vantagens do suporte: a intimidade da escrita, o tempo de elaboração, a durabilidade do contado, a possibilidade de anexar referências ou indicar outros caminhos na rede. E mais: a integração das experiências e a extensão do tempo, que respeita a fala de todos.
Não se esqueçam, aqui o café dura tanto quanto quisermos ou quanto for preciso.
Para participar é fácil, basta contar uma história, sua, da sua experiência, entretanto, com uma especificidade, que nos conte algo sobre seu percurso de formação artística: um livro lido, filme visto, contato com um mestre, um insight, uma conversa importante.
Vamos lá?